Há meses, os dias acabavam como um
piscar de olhos espremidos e as noites vinham como um abrir de olhos incessantes
e ressecados. Com o tempo os dias vieram como
um fechar de olhos de como quem morre. Acordei no fundo do oceano desesperado
por vida e um respirar. Como quem se afoga tentei me agarrar encontrando
estabilidade em lascas.
Aí, os dias chegaram como uma
tempestade. O que era estabilidade se desmanchou, e pude senti-la escorrer
pelos dedos. Percebi no coração o lento penetrar de duas laminas, a dor e a
solidão, acompanhadas de um trincar de dentes. Fui envolvido por águas que
jorravam do fel, dormindo como os que dormem torcendo para não acordar.
No silencio, paralisado em meio ao amargo da dor, percebi A MÃO QUE NUNCA LARGA e A VOZ que sempre diz “você não está sozinho”. Acordei! como quem acaba de sair do ventre, e fui convidado a passear por um conjunto de ilhas chamado “A Vida”. A primeira delas foi A Verdade, depois O Amor, adiante A Paz e logo A Felicidade. Onde foi preciso uma balsa conhecida por "Esperança", para ter acesso a todas elas.
Perdi tudo para sentir que não
falta nada. Parei de procurar um céu na terra, e comecei a construir uma casa
com a orientação de um engenheiro lá de Nazaré, ele foi bem enfático quando
disse: “construa na rocha, pois aqui é um lugar de muitas tempestades”. E
juntos batizamos a casa de Segurança.
Agora em meu coração, a lamina dor
produziu perseverança e a lamina solidão a certeza de que nunca estarei só.
Hoje meus olhos fecham como de quem anseia a acordar, para presenciar as
maravilhas reservadas de cada dia.
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