Sempre tive problemas com minha família, passei raros
momentos com meu pai, e poucas vezes me dava bem com minha irmã. Na
adolescência pensei muitas vezes em ir embora. Hoje, com 24 anos, não desejo
que nada do passado não tivesse acontecido, mas sinto muita falta das coisas
que não vivi. Com o tempo, sem saber lidar com minha liberdade, acabei me
distanciando de todos. Até com a mamãe, minha maior confidente na infância,
agora preciso lutar comigo mesmo para conseguir ter uma boa conversa. Depois
que meu pai nos deixou quando eu tinha 12 anos, passei a chamá-la de “pãe”, já
que passou a ter a responsabilidade como pai e mãe. Eu e meu pai não nos
falamos nem em datas comemorativas, já tentei conversar varias vezes, mais meus
esforços foram em vão. Agora, minha irmã que sempre desejei que fosse embora, a
conviver com ela, hoje é casada, tem duas filhas e mora atualmente aqui em
casa. Temos uma rotina pacata e sem muito diálogo. Mas isso está para mudar.
Na segunda-feira do dia 22 de outubro de 2012, a mamãe chega de mais uma comemoração de encerramento de um curso ministrado por ela, como todas às vezes, traz consigo bastante bolo e salgadinhos. Ao perceber o alvoroço na cozinha feito pelas minhas sobrinhas, decido ir até lá. Quando cheguei, vi as duas baixinhas com os olhos brilhando de expectativas, ao ver minha irmã com a vasilha de salgadinhos pedindo calma, pois já ia começar a repartir. Como sempre faço, pensei em pegar alguns e voltar para o quarto, mais veio em mente um plano e o coloquei em execução. Comecei a fazer cócegas na minha irmã, até que ela soltasse a vasilha de salgadinhos. Então a roubei. Correndo para o quintal, percebi os gritos. –Pega ele! Ao comando de uma avó, fui perseguido por uma mãe e suas duas filhas armadas com muitas gargalhadas. Quando chegamos lá fora a Mansinha, minha pitbull com problemas psicológicos, também participou da perseguição. Corri por toda parte até que fui cercado, sendo metralhado com muitas cócegas. Depois começamos a brincar, comer salgadinhos e chorar de tanto rir das loucuras da Mansinha, que muitas vezes serve como cavalo de montaria para minha sobrinha caçula.
Ao perceber à hora avançada, passamos pela difícil missão de nos despedir, entrando em nossos quartos com o sorriso estampado no rosto e uma paz que não consigo descrever. Aquele momento em família tornou aquela noite inesquecível, pela primeira vez não me lembrei de remoer um passado que não tive. Não precisei levar minhas sobrinhas no Beach Park ou enchê-las de presentes. Aquele momento nos presenteou com os sorrisos mais sinceros. Aprendi que são nos momentos simples que a felicidade brota e que o amor se manifesta nessas pequenas atitudes. Depois que parei de desejar o que não tenho, posso afirmar que não me falta nada, estranho isso, mas sou feliz com minha família imperfeita. Um dia vou ficar velho e partir, mas até lá pretendo roubar muitos salgadinhos.
Chorei!! rsrs... Um momento muito bem retratado!
ResponderExcluirFantástico,Glauco!!! Continua roubando salgadinhos!!!! heheheheh!!!!
ResponderExcluirwww.estradasou.blogspot.com
Que massa! Continue roubando coisas meu amigo, até as nossas...
ResponderExcluirPois é, meu amigo! Grandes coisas são desperdiçadas por causa da dificuldade que temos em valorizar as coisas, antes de perdê-las... Pelo jeito você está começando a aprender! Não desista! Treine e exercite,pois somente com essa habilidade podemos desfrutar das maravilhas da vida enquanto elas acontecem e não depois que elas acabaram!!
ResponderExcluirNão é fácil conviver com as diferenças sejam elas de pensamentos, de gostos, de atitudes, de escolhas.. mas Deus é tão maravilhoso, que mesmo nos tendo feito diferentes quer que percebamos o quanto podemos viver experiências únicas e um relacionamento saudável com as elas. E que as diferenças nos fazem diferentes para acrescentarmos algo aos outros. Com o tempo quando estamos em Cristo vemos e sentimos que Deus nos usa de acordo com essa diferenças para fazermos alguém/várias pessoas felizes.
ResponderExcluirShow Glauco, realmente a vida nos traz muitas alegrias que só são percebidas nas entrelinhas do nosso amadurecer. Que você continue a agradecer por cada "momento simples", inclusive, os que o fizeram tristes, pois foram estes que tornaram você, o cara bacana, que na faculdade eu tive a oportunidade de conhecer. Belo texto e obrigado por compartilhá-lo. No próximo furto, lembre-se dos amigos que adoram esses engordativos e fazem parte da sua grande família universal, a crescer e aprender muito com esses "desvios" que alimentam nossa alma. Abraço.
ResponderExcluirOl mano vei, passando pra ler sobre suas idéias e matar a saudade. Vc rouba mais que salgadinhos querido. rouba nossos olhares e atenção. Que bom pois é maravilhoso fugir um pouco de nossas tarefas que parece que nunca acabam e sempre estão nos levando a exaustão. Sermos sequestrados por alguém querido como vc, deixando pra trás a rotina do nosso dia-a-dia, pois é sempre bom. Amei o texto. Pastora Guida. http://missoesserrasazuis.blogspot.com.br/2013/10/o-que-deus-ve-qdo-te-ve.html
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ResponderExcluirExclui esse comentário porque não era o que eu queria ter dito :)
ExcluirPrometi que leria seus textos e até agora só chorei e com esse me veio a mente momentos simples, felizes,conversas bobas e que até hoje são lembradas com amor...
ResponderExcluirSuas palavras são encantadoras e doces. Lindos os seus textos assim como seu coração ♥
Como não amar esse texto? Esse texto é você!
ResponderExcluirObrigada por me roubar tantos salgadinhos.