quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Meu passado, presente e futuro adoecidos


Temos a tendência de nos apegarmos ao passado repudiando o futuro, isso fica fácil de entender quando percebo que o passado é algo que já conheço e que não preciso passar novamente. Transformamos nosso passado em nosso lugar seguro. Como zonas de conforto somos aprisionados em nossas lembranças angustiosas, traumas e situações mal resolvidas, que por não conseguirmos resolver, somos envolvidos por um sentimento de culpa. A depressão nada mais é que, pessoas presas ao passado são paralisadas no presente, sem poder ir em direção ao futuro. Criando um vínculo de segurança que as tira dos seus laços sociais e das possibilidades de interagir com a dinâmica da vida. Encontrando-se em um presente cristalizado, doentio.

Como nos apegamos ao passado por ser conhecido, tememos o futuro por estar no campo do desconhecido. Há uma dificuldade para sonhar, criar expectativas, abraçar causas e lutar por elas. Algemados aos conflitos emocionais, vivemos acomodados assistindo a vida passar, não dando conta da linda responsabilidade que nos foi dada nas mãos, “a vida”, multiforme vida que gera e constitui muitas outras.

Tomando consciência de que o presente é cheio de passado e futuro, precisamos dar um resignificado as nossas experiências traumáticas, acreditando nas possibilidades de realizações, vencendo o medo de viver que supervaloriza “negativamente” nossas lembranças e objetivos. Devemos presentificar nossas vivencias, por isso a criação da palavra “contentamento”, que significa “conteúdo do momento”, ou seja, desfrutar de cada acontecimento, vivendo os relacionamentos com intensidade. Portanto, devemos viver como quem esta para morrer e como quem acaba de nascer, vivendo cada momento como se fosse o último e se deslumbrando a cada descoberta.

Lidar bem com as situações implica ter uma boa compreensão da tal, deixando-as bem resolvidas para que uma não receba as cargas emocionais da outra. Dentre essas cargas podemos citar a preocupação, remorso, decepção, ansiedade, desanimo e o luto. Vimos o que foi escrito, “Não podemos deixar o sol se por sobre nossa ira”, esse texto nos revela que não podemos deixar as situações anteriores destruírem as que virão. Em outro texto nos diz: “Não vos inquieteis com o dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidara de si mesmo. Basta cada dia o seu mal.” Percebemos a importância da presentificação dos eventos, valorizando cada momento vivido sem a presença negativa de outros. Contudo, devemos viver os momentos como se fossem o último e o primeiro, tendo em mente que cada momento é importante para o seguinte. Com uma boa compreensão do ontem, desfrutar do hoje, construindo boas possibilidades para o amanhã.

Para viver é necessário ser corajoso. Não existe uma forma de viver sem riscos, Deus nos chama a viver uma vida de “coragem”, assim como seu Filho, que viveu lindamente sujeito a todas as coisas, mostrando-se fiel até a morte, morte de cruz. Que possamos ser capazes: de dar não apenas a cura do câncer, mais também a cura “no” câncer; de ser felizes com nossas famílias imperfeitas, de falar a verdade mesmo que isso custe caro; na violência, ainda desejar o afago; após a decepção, continuar confiando; nos erros, ter a capacidade de reinventar-se; com as perdas, continuar; e nas frustrações não desistir.

É necessário muita coragem para olhar o que passou, sejam eles, os traumas familiares, abusos sexuais, divórcios, discriminação, exclusão, bullyingrepreensão, infidelidade, abandono, o luto ou mazelas deixadas pela religião. E prosseguir com dignidade, sem perder a capacidade de sonhar e lutar por seus objetivos, podendo em cada momento dizer: “Eu sou feliz”. Esses foram chamados “mais que vencedores”, a esses foram dados à honra de serem conhecidos como “bem aventurados”. Mais que peregrinos perambulando, devemos ser mineradores da vida, extraindo nossos valores e virtudes, para lidar com as pessoas e as circunstâncias que a vida nos apresenta.  

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